Depois do silêncio
2022Livremente inspirado no livro TORTO ARADO de Itamar Vieira Junior
Publicado pela LeYa
A escravidão, pelo menos em sua forma industrial em grande escala, como parte de um projeto colonial, é geralmente considerada hoje como algo de outra época, um capítulo deplorável da história que foi encerrado.
Em Depois do silêncio a encenadora e cineasta brasileira Christiane Jatahy conecta-o ao hoje, ampliando seu enorme impacto no mundo em que vivemos e em suas realidades geopolíticas; a vida pessoal de muitos milhões de habitantes deste planeta desenraizados pela história, na busca de um território – em seu sentido mais concreto de uma terra, mas também em sua definição mais ampla de uma identidade, como pessoa, comunidade, cultura.
Depois do silêncio se desenrola em torno da ficção de Torto Arado (2019), o romance amplamente aclamado de Itamar Vieira Junior, situado em um contexto rural do interior da Bahia.
Conecta essa ficção inquietante – narrada por meio das vozes de três jovens mulheres no contexto da luta de sua comunidade por terra, liberdade e identidade – com Cabra marcado para morrer, o famoso documentário de Eduardo Coutinho que revela a história de João Pedro Teixeira, líder de um sindicato rural assassinado em 1962; à pesquisa documental, baseada em trabalho de campo e entrevistas.
Um documentário / ficção, uma peça / filme como um relato íntimo deste passado não resolvido que se repete nos horrores do Brasil de Bolsonaro e além. Como uma tentativa de conectar o presente ao passado, na esperança de abrir caminho para o futuro.
Depois do silêncio é a terceira e última parte da trilogia do horror.
TRILOGIA DO HORROR
Nos últimos anos, o Brasil começou um flerte com um regime da extrema direita, pondo em risco a democracia conquistada muito recentemente. Diante da urgência da situação em sua terra natal, ficou claro para Christiane Jatahy que a sua arte – resultado de uma contínua e profunda exploração das fronteiras entre cinema e teatro, entre ficção e realidade, entre inércia e necessidade de mudança – seria uma arma nas lutas que precisariam ser travadas.
Três episódios formam esta Trilogia do horror, com o objetivo de dissecar as estruturas endêmicas que possibilitaram a ascensão do governo Bolsonaro ; criada em três línguas diferentes e em três contextos muito distintos, ela abre uma série de janelas sobre o apagão que está afetando uma nação e ameaçando fazer o mesmo em tantas outras:
Nos dois primeiros capítulos Entre chien et loup (estreado no festival de Avignon 2021, a partir do filme Dogville de Lars Von trier), aborda os mecanismos do fascismo. Before the sky falls (criado no Schauspielhaus Zurich em outubro de 2021) conecta Macbeth de Shakespeare com O céu que cai de Davi Kopenawa e Bruce Albert, para falar sobre a violência da masculinidade tóxica, o poder político do patriarcado e sua agressão inerente contra o feminino em todas as suas emanações – mulheres, crianças e, finalmente, a natureza e a própria terra.
Encerrando a trilogia, Depois do Silêncio fala das questões da raça, da negação da história, do território e da resistência, da revolução. Baseado no romance de Itamar Vieira Junior, Torto Arado, marca o retorno de Christiane Jatahy à criação no Brasil, com atrizes brasileiras, em português. Depois do Silêncio estreou no Wiener Festwochen, em Viena, em junho de 2022.
Com Depois do silêncio, Christiane Jatahy aprofunda sua pesquisa em uma linguagem teatral e cinematográfica, explorando as linhas de tensão entre as duas formas de arte; entre ficção e realidade; entre as questões locais de seu Brasil natal e a forma como essas são reverberações de tendências globais; entre uma profunda preocupação com os tempos sombrios que o mundo está vivendo e a esperança, talvez utópica, de que a mudança possa ocorrer.
Depois do silêncio foi ensaiado no Rio de Janeiro, e filmado na Chapada Diamantina na Bahia, nas paisagens do romance Torto Arado.
Ficha técnica
Depois do silencio
de Christiane Jatahy
Baseado no livro “Torto arado” de Itamar Vieira Junior publicado pela LeYa.
Criação e dramaturgia Christiane Jatahy
Colaboração artística, cenografia e luz Thomas Walgrave
Fotografia e câmera Pedro Faerstein
Música original Vitor Araujo e Aduni Guedes
Desenho de som e mixagem Pedro Vituri
Montagem filme Mari Becker e Paulo Camacho
Som direto João Zula
Figurinista Preta Marques
Colaboração texto Gal Pereira, Juliana França, Lian Gaia e Tatiana Salem Levy
Interlocução Ana Maria Gonçalves
Sistema de vídeo Julio Parente
Preparação corporal Dani Lima
Assistência de direção Caju Bezerra
Assistência de câmera Suelen Menezes
Direção de palco Diogo Magalhães
Operação de luz Leandro Barreto
Operação de vídeo Alan de Souza
Assistência de produção Rio de Janeiro Divino Garcia
Tour manager Claudia Marques
Administração Claudia Petagna
Coordenação de produção Henrique Mariano
Com
Caju Bezerra, Gal Pereira, Juliana França e Aduni Guedes (música ao vivo)
e com a participação no filme de Lian Gaia e dos moradores das comunidades de Remanso e Iúna – Chapada Diamantina/ Bahia/ Brasil.
Contém referências e imagens de “Cabra marcado para morrer” de Eduardo Coutinho, produzido pela Mapa Filmes.
Produção – Cia Vertice – Axis productions
Co-produção – Schauspielhaus Zürich, CENTQUATRE-PARIS, Odéon-Théâtre de l’Europe – Paris, Wiener Festwochen, Piccolo Teatro di Milano – Teatro d’Europa, Arts Emerson – Boston, Riksteatern-Sweden, Théâtre Dijon-Bourgogne CDN, Théâtre National Wallonie-Bruxelles, Théâtre populaire romand – Centre neuchâtelois de arts vivants La Chaux-de-fonds, DeSingel – Antwerp, Künstlerhaus Mousonturm – Frankfurt am Main GmbH, Temporada Alta Festival, Centro Dramatico National – Madrid.
Christiane Jatahy é artista associada ao CENTQUATRE-PARIS, Odéon-Théâtre de l’Europe, Schauspielhaus Zürich, Arts Emerson Boston e ao Piccolo Teatro di Milano – Teatro d’Europa. A Cia Vertice tem o apoio de Direction régionale des affaires culturelles d’Île-de-France – Ministère de la Culture France.
Esse espetáculo está em turnê com CENTQUATRE on the road
Artistas
Juliana França, nascida e criada em Japeri na Baixada Fluminense, é atriz, professora, mestre em Filosofia, pesquisadora das artes da cena e das relações étnicos raciais e integra há 16 anos o Grupo sociocultural Código.
Caju Bezerra é atriz, teórica pesquisadora e artista-educadora. Investiga narrativas, oralidades e corporeidades afrodiaspóricas nas artes da presença.
Gal Pereira, atriz Quilombola do Remanso em Lençóis na Bahia. Atuou em 2 curtas e 1 longa, fez produção musical e dirigiu um musical.
Aduni Guedes é músico percussionista, produtor musical e pesquisador da diáspora africana, mixando a tradição ancestral e o contemporâneo.
Lian Gaia é indígena nascida na Mata Atlântica em contexto urbano periférico. Formada em psicologia, atua na arte das cenas. É co-fundadora da Anauá Filmes, produtora ativista das causas indígenas.
Video
Galeria
Datas passadas
- 22 › 23 OUT 2024
- Festival International Cervantino , Guanajuato, Mexico
- 14 › 15 SET 2024
- Centro Cultural Belém, Lisboa, Portugal
- 21 › 24 AGO 2024
- Edinburgh International Festival , Ebinburgh, Scotland
- 15 › 16 JUN 2024
- Performing Democracy Festival , Freiburg, Germany
- 07 › 09 JUN 2024
- Holland Festival , Amsterdam, NL
- 24 › 26 MAI 2024
- Théâtre en Mai Festival, Dijon, France
- 04 › 05 DEZ 2023
- Väven, Vävenscenen, Umeå, Sweden
- 28 › 29 NOV 2023
- Falkhallen, Blackboxen, Falkenberg, Sweden
- 23 › 24 NOV 2023
- Byteatern, Kalmar, Sweden
- 17 › 19 NOV 2023
- Kulturhuset Dieselverkstaden, Stokholm/Nacka, Sweden
- 29 › 30 SET 2023
- Dublin theatre festival, Dublin, Ireland
- 20 SET 2023
- Centro Niemeyer , Avilés/Asturias/Spain
- 14 › 17 SET 2023
- Teatro Valle-Inclan , Madrid/Spain
- 24 › 25 JUN 2023
- Haus der Berliner Festspiele, Berlin, Germany
- 23 › 26 MAI 2023
- Théâtre National Populaire, Villeurbanne, France
- 16 › 18 MAI 2023
- Piccolo Teatro de Milano - Teatro d'Europa , Milan
- 11 › 12 MAI 2023
- CDN de Besançon Franche Comté, France
- 04 › 06 MAI 2023
- Théâtre Populaire Romand, La-Chaux-de-Fonds, Suisse
- 26 › 27 ABR 2023
- Espaces Pluriels, Pau, France
- 09 › 11 FEV 2023
- Schauspielehaus, Zurich, Switzerland
- 23 NOV › 16 DEZ 2022
- Le CENTQUATRE-Paris, Paris
- 16 › 18 NOV 2022
- Théâtre national Wallonie-Bruxelles, Belgique
- 03 › 05 NOV 2022
- REDCAT - Roy and Edna Disney/CalArts Theater, Los Angeles, USA
- 28 › 29 OUT 2022
- Temporada Alta Festival da Catalunia , Girona, Espanha
- 20 › 21 OUT 2022
- De Singel, Antwerp, Belgique
- 07 › 08 SET 2022
- Teatro Nacional da Croácia, Zagreb, Croácia
- 01 › 02 JUL 2022
- Festival de Marseille (ZEF), Marseille, France
- 15 › 18 JUN 2022
- Wiener Festwochen, Wien, Austria
Imprensa
Après le silence, retour au pays natal
"Christiane Jatahy affirme, revendique un théâtre politique. C’est-à-dire un théâtre qui fait sens, qui interroge, qui ne se donne pas bonne conscience. Elle s’inscrit dans cette grande tradition du réalisme magique."
Le Brésil halluciné de Christiane Jatahy
"[Un] spectacle plurivoque où réalisme et magie se conjuguent pour nous offrir une vision aussi exceptionnelle qu’admirablement fouillée du Brésil contemporain."
Christiane Jatahy et la fabrique de l’authenticité
"On retrouve, (...) l’intense sensibilité d’une créatrice aux antennes toujours à l’affût du monde, mais aussi la rigueur généreuse qu’elle met en œuvre pour transmettre son propos dans toute sa profusion, sa noirceur, sa tendresse. Vives sont les émotions qui parcourent le plateau et la salle, profonde est la réflexion qu’on emporte en aval."
“Après le silence”: entre la douleur et la joie au Brésil
“Depois do Silencio, le manifeste magique de Jatahy. Dans son dernier volet de sa « Trilogie de l’horreur », Christiane Jatahy fait feu de tout bois pour dénoncer les injustices subies par la communauté noire du Brésil : théâtre, cinéma, réalité, fiction, diatribes politiques, musique… jusqu’à la transe. Un voyage théâtral sidérant à découvrir au Centquatre-Paris.” Les Echos
“D’où la nécessité de parler comme en témoigne ce spectacle plurivoque où réalisme et magie se conjuguent pour nous offrir une vision aussi exceptionnelle qu’admirablement fouillée du Brésil contemporain.”Le Transfuge
“Colère, lucidité et apaisement, prise de conscience et pédagogie, le spectacle impose le respect.”webtheatre
“Christiane Jatahy met en scène le parcours des Sans-terre brésiliens, ces descendants d’esclaves persécutés aujourd’hui encore, levant un voile sur des points aveugles de l’histoire auriverde.” L’Humanite
“Depois do silêncio se présente avant tout comme une expérience émotionnelle forte dont la charge puissante ne peut nous laisser indemne.” Artistikrezo