A falta que nos move
20052005/ 2009 – A PEÇA
A Falta que nos move ou Todas as histórias são ficção é sobre histórias de famílias e seus sistemas relacionais. Sobre como as gerações são afetadas pelas gerações anteriores, e como a chamada “geração coca-cola”, que cresceu sob a ditadura militar brasileira pensa sobre o seu passado. Também é sobre a relação entre ator e personagem e o teatro e a performance. Era uma peça que não começava, porque os atores esperavam o sexto ator. Era também sobre o encontro desses atores com o público no teatro, no aqui e agora, convivendo com a ausência, com a impossibilidade. Tudo deveria “ser” espontâneo. O tempo da peça era o tempo real da ação e enquanto eles preparavam um jantar, bebiam algumas garrafas de vinho e conversavam entre si e com o público. A bebida provocava uma alteração dos estados dos atores na realidade e também na ficção e, com isso, as relações transbordavam e os conflitos ganhavam força. Eles se chamavam pelos próprios nomes e era propositalmente difuso se o que estava acontecendo era pessoal ou não. Isso trazia a sensação para o público de estarem assistindo algo que não era para ser visto. Algo que fugiu do controle. Algo “real”, mesmo que fosse um jogo sobre o que é real.
Depois de 3 anos de temporadas e participação em festivais no Brasil e no exterior filmamos em uma experiência cinematográfica única o filme
A Falta que nos move – O FILME
2008/ 2012 –
O filme possibilitou a experimentação de forma ainda mais radical da linguagem. Misturando a linguagem documental com a ficção. Quebrando as fronteiras entre a realidade e a criação.
Para a filmagem foram criados dez dispositivos:
- cinco atores.
- uma única locação.
- filmagem contínuas sem corte ( foram 13 horas continuas)
- três câmeras simultâneas.
- como a direção não cortava a cena, os atores são dirigidos durante a filmagem por mensagens de texto.
- os atores esperam por uma pessoa que não sabem realmente se ela virá.
- eles seguem roteiros, mas não conhecem todos os roteiros uns dos outros.
- eles comem, cozinham e bebem de verdade.
- algumas histórias são reais, outras são inventadas.
- ninguém pode sair aconteça o que acontecer?
A filmagem aconteceu na véspera do natal – das 17h dia 23 de dezembro até as 6h da manhã do dia 24 – um natal de amigos íntimos, em que memórias e revelações vem à tona. Foram 13 horas de filmagem que resultaram em 39 horas de material bruto. O processo de edição e montagem levou um ano. As cenas foram decupadas de segundo a segundo, para transformar essas 39 horas em 2 horas contínuas, sem elipses aparentes de passagem de tempo. No resultado final parece que tudo o que aconteceu naquela noite está no filme em tempo continuo. Uma grande colcha de retalhos que recria a idéia de realidade. Um exercício de dobras sobre si mesmo, onde nem tudo é realmente como parece.
O filme viajou para alguns festivais internacionais e entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 2011. Foram mais de 40.000 pessoas assistindo em onze semanas em cartaz.
A FALTA QUE NOS MOVE – VIDEO INSTALAÇAO – CINEMA PERFORMANCE
A performance cinematográfica mostra as 39 horas filmadas. A vídeo- instalação foi exibida pela primeira vez no Parque Lage em parceria com o Tempo Festival. Foram instaladas três telas de cinema uma ao lado da outra, onde passavam sincronizadas o material das três câmeras enquanto o som era editado ao vivo. Em frente as telas tinham sofás, cadeiras, almofadas. A projeção iniciou exatamente na mesma hora que começou a filmagem e durou 13 horas. Os atores falavam muitas vezes que horas eram no filme, e era exatamente a mesma hora do público quatro anos depois. A vídeo-instalação também foi mostrada em Lisboa no Teatro São Luiz e no CentQuatre em Paris.
Um filme de Christiane Jatahy
Com Cristina Amadeo, Daniela Fortes, Marina Vianna, Kiko Mascarenhas e Pedro Bricio.
Direção de Fotografia Walter Carvalho
Som Direto Leandro Lima e Marcel Costa
Desenho de som Lendro Lima
Trilha Original Lucas Marcier, Rodrigo Marçal e Luciano Correa Direção de Arte Marcelo Lipiani
Edição Sergio Mekler e Christiane Jatahy
Video
Galeria
Imprensa
PEÇA
“ Nova peça de Jatahy leva o teatro ao seu mais alto papel. Sem hermetismos nem fórmulas esgotadas, esse naturalismo experimental seduz o público e o leva a um grande salto conceitual quando o faz compartilhar a angustia pela busca do tempo perdido” Sérgio Salvia Coelho – Folha de São Paulo – 4 estrelas
“A falta que nos move é a geração perdida mostrando finalmente a que veio, reciclando com galhardia a mediocridade a que foi exposta” Beth Néspoli- Estado de São Paulo
“O elenco mantém, em alto diapasão o tênue limite entre interpretar e dar um depoimento, num permanente e ambíguo jogo que visa nos deslocar, simultaneamente, para as condições de voyeurs e espectadores.” Edélcio Mostaço
FILME
“O resultado une a espontaneidade de “Festa de Família” com a intimidade criativa de John Cassavetes” Ubiratan Brasil – Estado de São Paulo
“O filme registra o jogo entre realidade e ficção armado por cinco atores –entre eles um devastador Pedro Bricio- reunidos em uma casa” Rodrigo Fonseca – O Globo – 5 estrelas
“É incrível, mas outra vez o fenômeno se repete: o primeiro ‘10’ do Festival vêm do nosso cinema. A magnífica estreia de uma jovem cineasta que não quer mudar o mundo, mas quer sim ser relevante em dores e questões de todos nós. Espere também uma magistral entrega na parte de todos os envolvidos, inclusive a habitual fabulosa fotografia de Walter Carvalho. A falta que nos move, enfim, move a todos nós” Fernando Carbone – Festival de Cinema do Rio.