CHRISTIANE JATAHY/ CIA VERTICE
Nascida no Rio de Janeiro, Christiane Jatahy é autora, diretora e produtora. É formada em teatro e jornalismo e tem mestrado em arte e filosofia.
Desde 2003, vem desenvolvendo seu trabalho em torno de zonas fronteiriças: fronteiras entre disciplinas artísticas, entre realidade e ficção, o ator e o personagem, teatro e cinema. Suas primeiras performances incluem Conjugado, A falta que nos move e Corte Seco.
Em 2010, ela lançou seu primeiro longa-metragem, A falta que nos move, baseado na peça de mesmo nome. Apesar de sua configuração radicalmente experimental – o filme foi filmado em uma sequência de 13 horas, na véspera de Natal, em uma única locação – foi amplamente aclamado, permanecendo nos cinemas do Brasil por mais de 12 semanas e sendo convidado para vários festivais internacionais. O material bruto do filme foi exibido em três telas de cinema com projeções simultâneas, durante 13 horas continuas na Parque Lage no Rio de Janeiro, no Teatro São Luiz em Lisboa e no Le CentQuatre em Paris.
Em 2011, ela criou Julia, uma adaptação livre de Senhorita Julia, de Strindberg, na qual aprofundou sua pesquisa sobre os espaços de tensão entre o teatro e o cinema. A peça ganhou o Prêmio Shell 2012 de melhor direção no Brasil e já foi apresentada mais de 300 vezes nos principais teatros e festivais da Europa e dos Estados Unidos. O espetáculo ainda está disponível em turnê.
Em 2012, como parte do programa cultural dos Jogos Olímpicos daquele ano, criou, dirigiu e coordenou In the comfort of your home, uma série de intervenções, documentários, performances e videoinstalações de 30 artistas brasileiros na intimidade de residências em Londres.
Em 2013, desenvolveu o projeto de instalação audiovisual e documentário Utopia.doc, sua primeira pesquisa sobre as questões de lar, exílio e refugiados. Esse projeto foi apresentado em Paris, Frankfurt e São Paulo.
Em 2014, ela estreou E se elas fossem para Moscou? um espetáculo baseado na peça As três irmãs, de Anton Chekov. Dividindo o público entre um cinema e um teatro (e invertendo-os no intervalo), E se elas… foi um enorme sucesso de público e crítica, ganhando o Prêmio Shell de Melhor Direção, o prêmio Questão de Crítica e o prêmio APTR no Brasil, além de ser amplamente aclamado pela imprensa em muitos países.
Em 2015, Christiane Jatahy concluiu a Trilogia da Memória (incluindo Julia e E se elas fossem para Moscou?) com a criação de A floresta que anda, inspirada em Macbeth, de William Shakespeare, combinando performance ao vivo, instalação de vídeo e cinema ao vivo.
Em 2016, Christiane Jatahy dirigiu sua primeira ópera, encenando Fidelio, de Beethoven, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, combinando performance ao vivo, elementos cinematográficos e um coro lírico.
Em 2017, a convite da Comédie Française, ela criou A regra do jogo, baseada na obra-prima de Jean Renoir. No mesmo ano, o Festival Theater der Welt e o Thalia Theatre, em Hamburgo, lhe deram carta branca para imaginar e criar a instalação/performance Moving people, novamente baseada na questão dos refugiados, bem como uma adaptação de Na solidão dos campos de algodão, de Bernard-Marie Koltès.
Em 2018, a cidade de Lisboa a nomeou “Artista na Cidade“, e ela apresentou seu trabalho ao longo do ano nos principais teatros, cinemas, festivais e espaços culturais da capital portuguesa. No mesmo ano, levando adiante sua pesquisa sobre questões de refugiados, ela começou a trabalhar em um díptico, Nossa Odisséia, inspirado na Odisséia de Homero. A primeira parte, Itaca, estreou no Odéon-Théâtre de l’Europe em Paris, comparando o épico de Homero com a realidade das pessoas que atravessam o Mediterrâneo atualmente.
Em 2019, a segunda parte, O agora que demora, cruza a Odisseia com material documental filmado na Palestina, no Líbano, na África do Sul, na Grécia e na Amazônia. É um diálogo entre o teatro e o cinema, misturando a ficção grega clássica com as histórias reais de artistas refugiados. O agora que demora foi apresentado em pré-estreia no SESC São Paulo e estreou no Festival de Avignon.
Em 2021, ela apresenta A hora do lobo, uma produção da Comédie de Genève, estreada no Festival de Avignon, um estudo dos mecanismos do fascismo em uma comunidade, tendo como ponto de partida o filme Dogville, de Lars Von Trier. É a primeira parte de uma trilogia de terror que disseca os horrores do regime brasileiro da época. A segunda parte, Antes que o céu caia (estreada no Schauspielhaus de Zurique em outubro de 2021), entrelaça a peça Macbeth, de Shakespeare, e o livro A queda do céu, de Davi Kopenawa e Bruce Albert, para abordar a violência da masculinidade tóxica, o poder político do patriarcado e seu ataque inerente ao feminino em todas as suas emanações – mulheres, crianças e, por fim, a natureza e a própria terra.
Em 2022, a terceira e última parte de Depois do Silêncio, baseada no romance Torto Arado, de Itamar Veira Junior, analisa mais de perto o racismo estrutural, a terra e o território, e estreou no Wiener Festwochen em Viena em junho deste ano.
Durante a temporada de 2021-2022, Christiane Jatahy será artista convidada do MUCEM em Marselha-França, onde apresentará várias de suas criações, bem como uma série de propostas e intervenções concebidas in situ.
Em 2023, ela dirigirá O garoto da última fila, de Juan Mayorga, no Schauspielhaus de Zurique, um estudo em sala de aula sobre como a ficção pode manipular a realidade; e no Grand Théâtre de Genebra, ela criará Nabucco, transformando a ópera de Verdi em um hino à esperança e à resistência.
Em 2024, Jatahy encenou uma adaptação de Hamlet no Odéon Théâtre de l’Europe, em Paris, relendo radicalmente a obra de William Shakespeare à luz de questões contemporâneas de gênero, violência/guerra, a relevância da ação e a maneira como a história do teatro as abordou.
Atualmente, Christiane Jatahy é artista associada do Odéon-Théâtre de l’Europe, do CENTQUATRE-Paris, do Schauspielhaus Zürich, do Arts Emerson Boston e do Piccolo Teatro de Milão Teatro d’Europa. Sua empresa, Compagnie Vertice-Axis Productions, é subsidiada pela Direction Régionale des affaires culturelles d’Ile-de-France, Ministère de la Culture France.
Em janeiro de 2022, Christiane Jatahy recebeu o Leão de Ouro na Bienal de Veneza por seu trabalho no teatro.
COLABORADORES PERMANENTES
THOMAS WALGRAVE – Colaborador Artístico, Cenógrafo e Iluminador
HENRIQUE MARIANO – Diretor de produção, tour manager e colaborador
JULIA BERNAT – Atriz e colaboradora
STELLA RABELLO – Atriz e colaboradora
MATTHIEU SAMPEUR – Ator e colaborador
PAULO CAMACHO – Diretor de fotografia
MARCELO LIPIANI – Cenógrafo
JULIO PARENTE – Sistema de imagem
VITOR ARAUJO – Compositor musical
CLAUDIA PETAGNA – Administradora